Informações Gerais
O
que é inclusão?
Entenda
as bases da inclusão social e escolar e evite confusões em matéria de inclusão
de pessoas com deficiência
Incluir
No bom
e velho "Aurélio" , o verbo incluir apresenta vários significados,
todos eles com o sentido de algo ou alguém inserido entre outras coisas ou
pessoas. Em nenhum momento essa definição pressupõe que o ser incluído
precisa ser igual ou semelhante aos demais aos quais se agregou.
Quando
falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade
humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que
aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades
reais (não obrigatoriamente iguais) para todos.
Isso
implica numa sociedade onde cada um é responsável pela qualidade de vida do
outro, mesmo quando esse outro é muito diferente de nós.
Inclusão ou integração?
Semanticamente
incluir e integrar têm significados muito parecidos, o que faz com que muitas
pessoas utilizem esses verbos indistintamente. No entanto, nos movimentos
sociais inclusão e integração representam filosofias totalmente diferentes,
ainda que tenham objetivos aparentemente iguais, ou seja, a inserção de
pessoas com deficiência na sociedade.
Os
mal-entendidos sobre o tema começam justamente aí. As pessoas usam o termo
inclusão quando, na verdade, estão pensando em integração.
Quais
são as principais diferenças entre inclusão e integração? O conteúdo das
definições do quadro abaixo é de autoria de Claudia Werneck, extraído do
primeiro volume do Manual do Mídia Legal:
Inclusão:
a
inserção é total e incondicional (crianças com deficiência não precisam
"se preparar" para ir à escola regular)
Integração: a
inserção é parcial e condicional (crianças "se preparam" em
escolas ou classes especiais para estar em escolas ou classes regulares)
Inclusão:
exige
transformações profundas
Integração: contenta-se
com transformações superficiais
Inclusão:
sociedade
se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso,
se torna mais atenta às necessidades de TODOS
Integração: pessoas
com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na
sociedade, que faz apenas ajustes
Inclusão:
defende
o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência
Integração: Defende
o direito de pessoas com deficiência
Inclusão:
traz
para dentro dos sistemas os grupos de "excluídos" e, paralelamente,
transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS
Integração: Insere
nos sistemas os grupos de "excluídos que provarem estar aptos" (sob
este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão)
Inclusão:
o
adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com
e sem deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo etc)
Integração: O
adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que
atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas (escola
integradora, empresa integradora etc)
Inclusão:
valoriza
a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou
não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos etc);
Integração: Como
reflexo de um pensamento integrador podemos citar a tendência a tratar pessoas
com deficiência como um bloco homogêneo (exemplos: surdos se concentram melhor;
cegos são excelentes massagistas)
Inclusão:
Não
quer disfarçar as limitações, porque elas são reais
Integração: Tende
a disfarçar as limitações para aumentar a possibilidade de inserção
Inclusão:
Não
se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um
mesmo ambiente
Integração: A
presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser
suficiente para o uso do adjetivo integrador
A escola e a inclusão
Os
objetivos tradicionais na educação de pessoas com necessidades educativas
específicas, ainda se orientam por conseguir alcançar comportamentos sociais
controlados, quando deveriam ter como objetivo que essas pessoas adquirissem
cultura suficiente para que pudessem conduzir sua própria vida. Ainda vivemos
em um modelo assistencial e dependente quando a meta da inclusão é o modelo
competencial e autônomo.
O
pensamento pedagógico dos profissionais, é que "as crianças com
necessidades educativas específicas são os únicos responsáveis (culpados)
por seus problemas de aprendizagem (às vezes esse sentimento se estende aos
pais), mas raras vezes questionam o sistema escolar e a sociedade... o fracasso
na aprendizagem deve-se às próprias crianças com deficiência e não ao
sistema, pensa-se que são eles e não a escola quem tem que mudar."*
É
um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a criança não sabe fazer
do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na
necessidade do especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como
se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de
especialistas que se fazem profissionais da deficiência.
Essa
escola seletiva valoriza mais a capacidade dos que os processos; os agrupamentos
homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a cooperação; o
individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos e
inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e
transformadores; apóia-se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos
culturais e vivenciais como instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias
que lhes permitam resolver os problemas da vida cotidiana.
Essa
postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa
atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação
das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis.
A
escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e
pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e
o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam
resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as
oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão
dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção,
as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.
Esta
incompreensão da cultura da diversidade implica em que os profissionais pensem
que os processos de integração estavam destinados a melhorar a "educação
especial" e não a educação em geral. Encontramo-nos em um momento de
crise, por que os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não
terminaram de emergir. Penso que a cultura da diversidade está colocando contra
a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa.
A
cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma
didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a
"ensinar a aprender". A cultura da diversidade é um processo de
aprendizagem permanente, onde TODOS devemos aprender a compartilhar novos
significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. A cultura da
diversidade é uma nova maneira de educar que parte do respeito à diversidade
como valor.
*Melero,
Miguel Lopez - Diversidade e Cultura: uma escola sem exclusões. Universidade de
Málaga. Espanha.2002
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